Ouse. Ouse tudo.

"Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza senão não se faz um samba não"

domingo, julho 23, 2006

Triste ensaio de um belo texto

Então eu tenho a pretensão de escrever um belo texto...

E talvez escrevê-lo seja mais difícil e mais complexo do que deixar-se levar em linhas e colocar, em palavras, toda essa chama ínfima que acolhe-se ao peito, toda essa necessidade de exteriorizar o que arde, pq nao é vivido, nao concretiza-se em atos... aparece como um triste roteiro abandonado por todo e qualquer ator, indigno de ser vivido e contado.
Mas arde. E é assim, e por isso, que essa palavras sao ditas em vez de guardadas: por essa necessidade de por fogo...na vida... e ser uma bela história, encenada, talvez, num teatro de quinta, mas digna de alguém, digna de um conto.

Entao eu tneho o privilégio de dizer, talvez a alguns, talvez a apenas um só, toda essa santidade colocada de lado. Todo esse viver desregrado, toda esse lixo de valores jogados à minha volta. E assim, encenando meu próprio ato e tendo uma platéia menor, mas tendo uma platéia, poderia invocar o perdão entao, dos presentes: que me perdoem por essa vida desnecessária e esse andamento inútil, todo esses 20 e poucos anos que nao se resumem em um, que nem se resumem, pq passaram como se nao fossem de valor.
Invoco o perdão dos presentes nesse ato e enfim, retiro minha máscara de vergonha, essa máscara que esconde todo ser que vive inutilmente, yao viciados em ocultar-se que nao a retiram nem diante de si mesmo, por nao querer encarar e nao saber como viver com esse lado cru, esse lado humano: despido de convenções, o homem. Nu de valores, de ideologias, esse homem. Alguém que veste a máscara por ter vergonha de si, por nao saber como seria lidar com si mesmo, a verdade. E que veste essa mania de mentir o mundo e ao mundo pq o mundo mente tanto para si.

Entao fica aqui, esse triste ensaio para um belo texto, essa comédia despreparada, esse drama mal feito.
E fica porque nao sabe ir. Fica por nao encontrar o caminho ideal e ser uma bela peça. Fica pq nao nasceu ainda, talvez. Ou entao, pq nao nascerá... mas eu nao quero lidar com o nunca e nem sei lidar com o nunca... Muito em mim, ainda, tem de sonhos e esses, sao pequenas incertezas pretensiosas. Sao muitas certezas incertas de belos caminhos que não passarão despercebidos.
E assim, quem sabe, abrirei enfim as cortinas dessa minha peça: quando for digna da menor platéia a quem invocarei perdão pelo que ainda sou e pedirei licença pra ser mais.
E assim testemunharão essa mudança, mesmo sem aplausos finais...