Ouse. Ouse tudo.

"Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza senão não se faz um samba não"

sábado, julho 08, 2006

Esse quadro...

Sobre amores hoje...
Quero pegar o início da história toda mas me pergunto se valeria a pena retroceder ao ponto de chegar ao ponto de recomeçar tudo isso.
Mas é sobre amores hoje...
E, novamente, vou tentando falar tanto sobre o que, ao final, nao saberei o que falar...

Mas vamos entender uma só coisa: aqui, nao busca-se sentindo, entende?
É como aquela famosa musica que fala de uma aquarela em que desenha-se tudo como deve ser...
É a historia do reino encantado,lembra? Aquele que nao passou de um sonho mas que foi tao real, tao real, que virou pra sempre uma bela história?
Entao ficamos aqui, nesse reino das maravilhas, sabendo que no fundo tudo isso inexiste mas querendo acreditar na possibilidade de sua existência.
Vamos ficando a falar sobre alguém rabiscando "o sol que a chuva apagou" ou sobre pessoas que nos amam incondicionalmente e o quanto as amamos de maneira igual.
Então transformaremos tudo isso numa história "par", pq o "ímpar" é triste e complicado e no fundo é sempre a segunda escolha: a escolha de quem nao pôde ser "Par"...

Eu tento explicar mas eu complico, é verdade. São perguntas enfurecidas demais pra essas respostas tao modestas. Intimidam, sem dúvida. Fazem com que a pouca convicção se iniba diante do grau de responsabilidade de ser tao convicta. E é aí que eu me complico explicando. E é quando eu deixo sem respostas...

Mas sobre amores hoje... o que falar?
O que colher dentro dessa árvore infrutífera?
O que falar se apenas é quem muita teve e por isso nao teve nada?
Como ousar hj?

Entao faz-se meia hora de silêncio em que penso novamente como adiar esse assunto.
É quando eu vejo que isso é soh uma representaçao do tempo de minha vida. E é como se tivesse tentando, também aqui, fugir de um campo inseguro. Mas a verdade é que, sobre isso, eu detesto falar de mim.

Entao voltemos ao nosso conto de fadas. Voltemos a parte em que alguém, talvez eu, de repente se vê amando intensamente e logo entao formando um "par". Escolhendo uma só vida dupla. Vida una. Aquelas, sabem? Que eles inventam e colorem como se nao tivesse defeito algum. Como se o reboco forte encobrisse de verdade todas as cicatrizes, imperfeiçoes, detalhes... Como se as revestindo completamente as transformassem enfim no que elas DEVERIAM ser....

Mas elas nao são, senhores. Sinto informá-los mas aquele belo quadro, emuldurado naquela parede de uma suntuosa casa rica ostenta apenas o quanto a farsa, o quanto a mentira valem hj em dia. E como são colocados numa posição de destaque quando, depois de muito trabalhados a ser como nao são, enfeitam as casas de quem os aceitam, iludindo-se com sua falsa beleza, ou identificando-se com sua mediocridade...
Medíocres quadros (amores) que negam sua condição de rascunho. Imbecis pintores que transformam a imperfeição em convençao. E enfeitam essas casas desses dias...
Triste daqueles que vêem o amor como belos quadros, esquecendo-se de sua condição de rascunho porque, assim, nunca o verão...

Mas foi sobre amores hoje, embora nao pareça. Embora eu tenha adiado tanto tempo contando sobre seu lado atroz que quase esqueci de falar sobre suas felicidades, dessa alegria...
É como se fosse uma cena distante, num fim de tarde, em que alguem dança sem musica e consegue ser feliz sem entender. Pega-se energia, pega-se algo distante, que nao parece ser do mundo, nao parece ser do homem, nem parece ser algo mas que muda completamente a maneira como se acorda e se vai dormir...
Que muda os sonhos e o rumo da prosa, do caminho, da maneira como se vai... É quando "rabiscam o sol"... E deixam-se sair sorrisos discretos que dizem tanto... E deixam-se brilhar os olhos, daquela maneira: singular... E deixam-se enfeitar papéis de borboletas e um Deus criar um mundo onde toda parte tem outra parte que pode se amar...
E é quando acredita-se nisso e escreve-se sobre isso e enfim consegue-se falar sobre o que nunca falou...

Pois foi, amigos... Foi sobre amores hoje.
E talvez isso, esse pequeno nada, signifique tudo...

(P.M.)