Ouse. Ouse tudo.

"Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza senão não se faz um samba não"

quinta-feira, novembro 29, 2007

Havia uma doce intriga, um perfume de pecado, um não encostar de mãos que queriam estar juntas, uma timidez em entregar-se, afinal...

Os olhares não se encontravam e nunca sorriam ao mesmo tempo. Fingiam que não se viam e deixavam pra procurar um ao outro, quando ninguem tivesse notando.

Tem uma certa cortina que separa. Talvez medo, uma angústia de viver aquilo, uma insegurança em se soltar e cair em vez de voar...

Acho que antes de tudo, o certo é não pensar em cair. É deixar solto, é abrir asas, é olhar pro horizonte e ir além, até lugares que não se sonhava atingir, lugares que ninguém consegue ver, que poucos visitam, poucos chegam.

É amar sem medo de dar as mãos e não odiar sentir forte, sentir muito. É por aí: amar amando. E só.

A peça só começa, quando o palco deixa de ser apenas cortina vermelha.
E entram os atores, entram as emoções, falas e atos que se preparam pra viver e vivem.

A peça só começa quando o palco vazio se enche de vida, sorrisos ou dramas, abraços, danças e o que quer que for.

E a peça nunca acaba, porque mesmo que termine, o único fim verdadeiro que posso vim a ter é quando se esquecem dela.

E penso que é assim, simples: lembrar, voar e viver.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Recuou porque temia todas as cores desconhecidas que brilhavam no escuro do quarto novo.

domingo, julho 01, 2007

Estendi meu amor a mim.


E nada me resta senão tentar alcançar-me
E em cada rodopio de ar, em que me encontro
enxergar-me feliz
ou fazer-me menos triste.

P.M.

sexta-feira, junho 22, 2007

Até hoje,
Não coloquei na praça,
Doidice exata
Amor demais.

P.M.

quinta-feira, junho 21, 2007

Vento

Que leve pra longe.
Distância necessária que colabora com a morte,
embora seja a melhor saída pra vida.

P.M.

terça-feira, junho 19, 2007

J:

Eu vou escrever, hoje, como te escreveria se, um dia, fosse realmente te escrever.

Me faltou inspiração, me incomodou o vazio, me despertou vontade de mudar, me fez querer ser maior: então retomei tua imagem de volta (Quem sabe não resgato o brilho da minha pele e a saúde do meu corpo?)

O que eu te diria?

Pra começar, algo que não soasse muito forte.
Estipularia uma medida exata, pra começar.
Querendo ser tanto, reduzindo ao pouco,
Mentindo aos outros, encaixando-me no papel ideal pra mim.
Pra começar.

Então:
Queria te ver, sinceramente. Sentir, de alguma maneira, alguma emoção como a que passou.
Preenher o vazio, suprir os desejos, submeter-me a parte mais fiel de mim.
(Foi muito forte?)
Era lindo espelhar o brilho nos olhos, finalmente.
Era aquilo, afinal!
E nao tinha nascido pra ser diferente...

...mas como morreria?
(se é que não morreu).

Tenho andado opaca, sabe?
Não há de se falar em brilho.
(Não em mim.)
Existe uma cor, lógico.
(Confundida, indefinida.)
qualquer cor opaca que se mistura ao nada e não brilha.

Algo como eu...
(Vazia...)

Ah, (meu) amor. Nada seria mais eu do que eu contigo.
Minhas atitudes não corresponderam aos meus desejos.
(Andei mentindo...)
Uma pena tudo isso...
(Pelo menos, é o que eu penso)
Uma pena...

Mas, saiba: no fundo te queria e me queria como eu era, daquele jeito:
Por tu.
Sinto saudade dela: enfrentando chuva, sorrindo ao acaso, esperando-o, ansiando pelo que vinha pela frente (onde ninguém sabia onde chegaria),
(mas todos imaginavam que seria lindo).
Eu costumava ser ela e ela era feliz.
(Saudade dela).

Se eu te contasse tudo o que senti e fiz, as coisas não mudariam, eu sei.
É o que a razão me diz, os olhos enxergam, a vida faz pensar.
O que incomoda é o algo que não se compreende.
O ininteligível mundo do que não aconteceu e que, muito foi desejado.
Mais do que sempre.
(Nem coube em mim)
Extravasou o papel que, achara, desempenharia na vida.
(Transcendeu...)


O que mais incomoda é o tempo que passa sem te ver.

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Anônima.
(embora pense-se que sim,
nunca rasguei o véu que cobre o rosto)


Obs: Rotterdam te fez um elogio.
Andei te amando, desde entao.
Perdão.

domingo, junho 17, 2007

Contrabando regado a má vontade

Não era bom em nada, sabia, não era bom.
Até fingia mas, no fundo restava o vazio de não conseguir ser suficiente pros outros mas, principalmente pra si.
Seu histórico não era alegre, nem triste.
Não se tratavam de grandes emoções, aliás, não se travavam grandes emoções na sua vida.
O pior era que não se rebelava contra isso.
O melhor era que não estava completamente insatisfeito.
Melhor?
Não se tratava de melhor ou pior!
Se tratava de ser médio.
De viver médio, de agir médio, de apreender, buscar, ser, pela metade!

Nada de guerras contra si.
Algumas mudanças de cabelo radicais (só pra ver se destacava-se) mas, nenhuma guerra relevante.

Alguém o disse que perdera o controle, um dia.
“Mas não foi completamente”
É, sabia : nunca seria.

Gostaria de chorar forte ou sorrir alto mas, estava fadado ao simples.
Estava longe de explosões.
Sabia que poderia ser o melhor ou o pior mas nunca o seria.
Havia pouca vontade.
De tudo.

Colocou a mochila nas costas, pegou 5 reais e pensou: compraria uma tesoura nova.
Mais uma vez, pairava – no abismo – entre matar-se ou não.
Era quando modificava os cabelos.
“Dessa vez vai ficar ótimo”.

(P.M.)