Ouse. Ouse tudo.

"Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza senão não se faz um samba não"

quinta-feira, junho 29, 2006

Carnaval


E eu me lembro de minhas amigas sorrindo e brindando alegremente.
Épocas de carnaval eternas...
Primeiro carnaval do século que se fez feliz pq sorríamos todos.
E eu me lembro de alguém levantando um copo e falando de amizade e de Vinícius de Moraes.
Lembro daquela ladeira desequilibrando, de mil vozes cantando, de pessoas escorrengando num mar de confetes e sorrindo ao cair.
É, talvez, a única época em que o homem sorrir com a queda.
É, talvez, a mais humana das épocas.
Por ser bestial.
Por nao ser boa nem mau.
Por ser inopressão.
E humanidade.

Lembro de pessoas que aprendi a amar com um copo na mão
Pessoas que me ofereceram alegrias e me ensinaram seus ritmos, me convidando pra dançar toda aquela misturada musical, todo aquele ritmo descompassado, toda o caos da racionalidade esquecida.

E eu peco por lembrar com um sorriso
E uma saudade maior do que o cotidiano, maior que os dias vividos sem isso
maior do que hj e amanhã.

Meus irmãos, minhas energias, tempos de carnavais eternos
que sorrimos tanto e nos unimos sem querer, naturalmente...
E contamos depois quem somos uns pros outros
E nos deparamos com uma face estranha, a fatal face do dia a dia que tanto nos deforma em nossa alegria ...

E lembro que alguem do lado chorava
Por nao acreditar em tudo
E nao conseguir esquecer tudo
E eu me esforçava pra ser crua,
me despia de minhas convençoes,
me esquecia de minha profissao, minha família, minhas ambições, minha vida
chorava por esquecer de mim
e sorria por me conhecer mais um pouquinho.

Eu hj, peço licença pra falar do que conheci de mim e de vcs, sem máscaras
E peço licença pra falar daquele samba, aquele frevo, um maracatu solto, todos aqueles sons e nossas danças.
De nosso suor, nosso sangue quente, do som alto que ecoava e que saía de nós, bruto mas com melodia.
Licença pra falar de nossos sorrisos...

Mas peço adeus aqueles dias, sabendo que serão eternamente destruídos pelo hj
Mas peco por dizer um adeus saudoso, triste, de quem preferia, talvez, ainda estar lá
E peco por nao desejar esse dia, sem festa, sem luz...
E por amar convencionalmente, desejar convencionalmente
E ter convencionalmente o que nasci pra ter
E ser... sendo...



E peço um whisky pra começar esse dia
E aguentar esse dia...
E um blues pra lembrar de toda essa minha risteza, essa minha melancolia
E uma bossa nova pra esquecer de mim e lembrar de mim, como eu era e hj nao sou
Lembrar de meus carnavais...