Ouse. Ouse tudo.

"Pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza senão não se faz um samba não"

terça-feira, novembro 14, 2006

Sobre Vinicius

No começo eu me perguntei pq eu tinha escolhido ele.
Aí depois, conhecendo-o, eu comecei a notar que era por esse vício de ser triste. Ele canta a tristeza (embora cante a alegria tbm, de uma maneira triste) e vive a tristeza (embora rodeado de festas, solte um sorriso alto, deixando cair o cigarro, solto na boca). Ele é o maior exemplo de que um bom whisky nao resolve, amores nao sao suficientes e que nem todo samba faz dançar.

Quando se tem essa alma assim, creio que a tristeza insiste em fazer-se amiga, sentar numa mesa próxima e, na tua solidao, te convida pra sentar. E vc, senta-se, bebe, até faz festa com a tristeza. Nao a convida pra dançar a proxima valsa, nem a marchinha de carnaval, de tao entretido que está com ela. Sorrisos se abrem ao seu redor, pessoas te convidam pra cair no samba ou te oferecem um drinque. E vc? Entretido que está com os olhos da tristeza, nao consegue enxergar nada além dela. Nem os outros olhos que te olham com a esperança de que, quem sabe um dia, enxergue-os em retorno, ou até retribua uma piscadela. Quantos rostos se voltaram pra vc enquanto vc se perdia, absorto com essa tristeza que te convida pra beber, sem ao menos te sorrir?

Entao, o escolhi.
Vejo nele esse eterno companheiro do que é triste, mesmo mostrando-se indiferente ou feliz (Esses olhos enganam?). Aí eu vejo nele um pouco de mim. Nao só. Tbm vejo nele muito de insatisfaçao sem fim. E, na verdade, isso tem mais de mim que qualquer outra coisa(e os meus olhos enganam?).

Boa noite.
Agora, vou procurar companheiros de violao que aceitem cantar minhas cançoes tristes, fazer festas vazias, se contentar com meus meio-sorrisos, e brindar essa parceria, pq afinal, é véspera de feriado.

Paula M.